segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Subvertendo o mundo com a esperança



Marcos Almeida

Dias atrás, uma jovem jornalista deixou a seguinte pergunta em minha caixa postal: “O que é ser um músico e artista cristão?”. Não tive outra escolha senão utilizar a resposta que já estava na ponta da língua. De pronto e docemente, escrevi para ela: é aquele que não coloca sua arte a serviço de segundas intenções, que tem a liberdade de compor e criar a partir daquilo que é real, a partir desta vida palpável e complexa, inteira e misteriosa! O artista cristão é aquele que não se preocupa em fazer uma “arte cristã”, já que sua criação é fruto natural de uma vida. Ele se ocupa mesmo em viver o evangelho e ser honesto com sua criatividade, em vez de produzir uma arte-simulação.

Ninguém fica pedindo para uma macieira dar maçãs, pois esse é o fruto esperado de tal árvore. Da mesma forma, seria desnecessário solicitar ao cristão uma arte cristã, exatamente porque toda expressão sincera e honesta daquele que se imbuiu do evangelho reflete-se numa arte evangélica. Então, quando o artista olhar para o mundo, tentando descrevê-lo como um narrador sensível e atento, ou quando precisar dar significado a ele, comunicando aos outros e a si mesmo o sentido da vida, tudo que chegar aos seus olhos passará primeiro pelas lentes da Boa Nova. Sendo assim, toda arte que fizer de forma alguma poderá estar separada do evangelho! Caso isso aconteça, temos um excelente caso de esquizofrenia: de um lado, a vida privada do cristão; de outro, sua produção artística totalmente desvinculada do que ele acredita.

O único que pode nos livrar dessa contradição é o Deus que reconcilia consigo mesmo todas as coisas e nos faz inteiro nele. É ele quem nos habilita a ter uma arte que é fruto da liberdade, pois sua ação redentora afetou por completo todas as esferas da nossa existência. Ao nos tornar livres, ele nos deu também condições para uma arte admiravelmente livre. Que alegria é poder viver assim! E a nossa música brasileira, a arte desta terra, será rica dessa verdade subversiva quando, antes dela, no tempo que precede sua confecção, o artista também for cheio da vida que nasce da Vida.

“Por que você está dizendo essas coisas?”, algum simpático curioso me perguntaria. Digo isso porque não vejo alternativa diferente desse caminho de imersão real, existencial. Um caminho amplo e honesto, que tem como prioridade a vida antes da estética e do entretenimento. Digo isso porque vejo uma arte amiga da realidade, um artista que ama o mundo de tal maneira que o abençoa, criando um bem estético capaz de interferir na sintaxe da nossa cultura. Por meio da expressão espontânea ou da obra rebuscada, de uma canção de três acordes ou de um hino de quarenta vozes, num grito urbano e amplificado ou naquele sussurro alegre do sertão, vejo uma arte subvertendo o mundo com a esperança.

Se assim você também vê, é tempo de caminhar e semear a terra.

Marcos Almeida é compositor, músico, professor e vocalista da banda Palavrantiga.
Artigo publicado na Revista Ultimato

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Identidade para Liberdade

“Quando o passado é presente, nada muda! Isso é ter uma fé em Cristo vã. É preciso Identidade para Liberdade”.

Nestes dias temos encontrado uma juventude perdida na busca da felicidade; a ditadura da felicidade tem nos roubado a simplicidade de encararmos nossos conflitos e frustrações, percebendo assim como Cristo nos disse que teríamos “aflições”, portanto o bom ânimo, o “contentamento”, a gratidão tem se ausentado levando a gente a ignorar tristezas, medos em favor de um ser “super crente”, santíssimos, que não entende que é pela graça, misericórdia e amor que podemos resolver nossos conflitos e frustrações.

Muitos cristãos anulam sua fé em Deus por falta de Identidade Cristã. Não conseguem encarar seus problemas e pecados para resolver seus conflitos e frustrações, mascarando-os espiritualizam o “inespiritualizável”, não conseguem crer na graça, na misericórdia e no amor do Pai.

A pseudoidentidade cristã tem sido uma resposta da ausência pastoral em continuar ensinando a nós a “Identidade de Filhos de Deus”. Falo de “ensino”, o que nos remete não a pregações, mas estudo sistematizado, que passe por uma avaliação de todo um processo educativo.

Falo também não somente dos pastores consagrados a este oficio, mas a todos que entendem que o chamado de Deus consiste em apascentar, que buscam viver o evangelho não como novos convertidos, mas como maduros na fé, mais conhecidos atualmente como “líderes”.

Paulo nos adverte em Atos 20. 24-29 que precisamos “apascentar”, pois os “lobos Cruéis” virão. Pedro nos afirma: “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente como Deus quer; nem por sódida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho”. (1Pe. 5: 2 e 3)

Se soubermos quem somos em Deus, saberemos nosso destino e identidade, então iremos poder reivindicar, tomar posse do que Ele nos confiou; assim a liberdade chegará proporcionando uma autolibertação, deixando nossos pecados, culpas, julgamentos do passado sepultados na cruz de Cristo, recebendo pela graça, misericórdia e amor todo o perdão e liberando sobre o outro o perdão devido, percebendo que uma vez “livre”, livrará outros também. Muitos de nossos conflitos não são resolvidos devido à falta de conhecimento de Deus, de si e do próximo. Leiamos com firmeza o que Oséias diz no capitulo 4 e verso 6 e Ezequiel capítulo 34.

Thatiana Rodrigues

sábado, 2 de junho de 2012


Neste sábado dia 02/06 estaremos no Templo Central falando, orando, cantando sobre a Igreja Persguida. Somos participantes do DIP (Domingo da Igreja Perseguida) criado pelo Portas Abertas que nos tem sensibilizado a ouvir, orar e manter os cristãos perseguidos em outros países. 
O tema do DIP neste ano é UM COM ELES. Creio q preciso entender o q é ser um sem romantismos mas com coerência e justiça. Quem quiser saber mais pode se juntar neste sábado no culto da Missão Jovem no Templo Central da Assembleia de Deus, 14º de março. 
Objs: Vc pode contribuir com Missões comprando a camisa do DIP - R$20,00.
Thatiana Rodrigues

quinta-feira, 5 de abril de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

E se o "Filho Pródigo" Fosse Gay?

Ultimamente tenho aconselhado algumas pessoas que assumiram a condição de ser homoafetivas. Para evitar confusões, “homoafetivo” é o indivíduo que gosta e sente-se atraído por pessoas do mesmo sexo.

Curioso é que, em comum entre eles, está o fato de suas narrativas carregarem muita dor e tristeza. Elas envolvem – além dos preconceitos sociais já conhecidos – discriminação familiar, violência, abandono dos pais, expulsão de casa, chantagem, ameaças, boicotes, dentre outras questões.

Uma coisa que me chamou a atenção é que, a grande maioria deles, vem de “famílias evangélicas”! Depois de saber disto, ficou mais fácil compreender o porquê de terem desenvolvido uma profunda aversão ao que é ligado ao “sagrado” e a “igreja”. Impossível foi não lembrar de Victor Hugo: “a tolerância é a melhor das religiões”...

Você já ouviu falar do efeito borboleta? Bem, trata-se de um termo usado para se referir à dependência às condições iniciais dentro da chamada Teoria do Caos. Ele foi analisado em 1963 pelo matemático e filósofo Edward Lorenz. Numa explicação simplista, imagine um sistema caótico e extremamente sensível, onde uma pequena alteração no seu estado pode produzir uma enorme diferença no futuro. É mais ou menos isto. O exemplo clássico, que tem sido utilizado para ilustrar a teoria, é afirmar que o simples bater de asas de uma borboleta no hemisfério sul, pode provocar um furacão no hemisfério norte.

Pois bem, utilizando esta teoria, e vivendo as nuances do contexto citado acima, imaginei como ficaria a parábola do filho pródigo, descrita por Jesus no Evangelho de Lucas, se eu fizesse nela uma pequena alteração, ou seja, se transformasse o dito cujo em um gay? O que aconteceria se, ao contextualizar o personagem as idiossincrasias de nosso tempo, atribuísse a ele uma orientação sexual homoafetiva?

Bem, sendo muito sincero, acho que haveria uma profunda mudança nessa história se ela se transformasse num drama atual da vida real. Na minha narrativa, construída a partir do que tenho visto e ouvido, os desdobramentos tomam rotas bem diferentes dos da parábola.

Em primeiro lugar, não seria o filho que pediria a herança ao pai para “cair no mundo”, mas o pai – ou a mãe – é que lhe botariam para fora de casa, se possível, apenas com a “roupa do couro”, como vi recentemente acontecer com o filho de um “pastor”...

Sem dinheiro, sem abrigo, sem auxílio ou amigos, aquele jovem, provavelmente, seria acolhido pelas “ruas”, encontraria uma nova “família”, formada por cafetões, traficantes, viciados e bandidos de toda sorte, gente que nós expurgamos da sociedade e relegamos a uma vida a margem de tudo, a existência marginalizada.

Passados alguns anos, aquele jovem bonito, saudável, cheio de sonhos, já teria se transformado em um ser sem coração, sem devoção, sem emoções, existiria como um “pedaço de carne” que se vende numa esquina qualquer para sobreviver. É muito provável que, em função dos convívios, tenha se tornado viciado e adquirido alguma doença sexualmente transmitida, como a AIDS, por exemplo.

No fundo do poço, sem dinheiro, sem dignidade, sem saúde, desencontrado de si mesmo, perdido de sua alma, sentindo-se abandonado por Deus, desterrado da vida, ele, enfim, cai em si, e exclama: “voltarei para a casa do meu Pai!”.

Contudo, seria justamente aí onde seu problema tomaria proporções ainda maiores, pois, ao voltar, o pai não o estaria esperando e, surpreendido com sua “triste figura”, o rejeitaria mais uma vez. Não seria de admirar que afirmasse algo do tipo: “eu não lhe avisei que não destruísse a sua vida? Que o que você estava fazendo era abominação ao Senhor?! Agora, viva com as conseqüências de seus atos!”. E o despediria sem maiores constrangimentos... como desgraçadamente tenho visto acontecer.

Essa história, apesar de ser ficção, tem se materializado na existência de muitos, talvez bem mais do que você imagine! Mas certamente alguém vai indagar: o que é que este sujeito está querendo defender? Ele agora virou apologeta do homossexualismo? Entrou para a causa do movimento LGBT?

Bem, meu amigo, a questão aqui não é esta. Eu estou, sim, defendendo a vida, o direito de um filho ser acolhido, em qualquer que seja a circunstância, pelo seu pai, pela mãe, pela sua família! Eu estou tentando aguçar consciências de que não é jogando as pessoas no “lixo” que elas se tornarão melhores, pois pessoas não são coisas: coisas a gente usa e joga fora; pessoa a gente ama!

Na parábola descrita por Jesus, o filho mais novo lançou-se na vida, depois de pedir ao “Pai” o imponderável: a herança! E isso enquanto o mesmo ainda estava vivo! Além do mais, sendo ele o mais novo, não tinha direito a absolutamente nada. Santo Agostinho, quanto trata deste texto, afirma que o que o filho pediu ao “Pai” não foi dinheiro, mas a liberdade de viver a sua própria vida, de experimentar aquilo que lhe aprouvesse ao coração.

E assim o filho se foi... Seu bolso estava cheio de dinheiro, enquanto o coração do “Pai” cheio de tristeza e dor. Ele foi para a esbórnia, para a fanfarra, para a boemia, para a dessignificação do ser, para um viver dissoluto, que diluiu sua substância interior e transformou sua alma em pasta.

Na minha parábola, todavia, ninguém se preocuparia com nada disto, pois, ele sendo “homem”, faria tudo sem maiores problemas, uma vez que contaria com a anuência da consciência coletiva machista. Quando a grana acabasse, e ele decidisse voltar para casa, o pai faria até festa para recebê-lo, pois o “garoto” havia crescido, virado um “garanhão”, aprendido a beber e a fumar! Sim, posso até ver o pai dizendo aos amigos: “olha lá! Aquele ali é o meu “menino”! Enquanto isso, o “bebezão” estaria se esbaldando no John Walker com Red Bull. No fundo, a questão é puramente cultural, pois o que estamos tratando é de pecados mais ou menos aceitos socialmente, que carregam ou não preconceitos. Um filho pródigo "homem" todo pai aceitaria. Mas, e se fosse gay? Bem, aí já é demais...

É bem provável que muita gente que vai ler este texto não o entenda... Outros tantos vão “descer o pau” e me chamar de liberal e outras coisas mais... impublicáveis... Mas a verdade é que eu não estou escrevendo para nenhum deles... Ainda assim oro para que jamais tenham que passar por um drama desta natureza.

Este difícil texto, meu “mano”, eu escrevo para você – pai – mãe – que tem um filho, uma filha, homossexual. E eu lhe suplico, em Nome de Jesus, não a(o) jogue na sarjeta da vida! Não o(a) entregue aos “lobos” da existência! O simples fato de você acolhê-lo(a) e amá-lo(a) pode fazer a grande diferença entra a vida e a morte! Nas palavras de Gandhi: “tolerância é uma necessidade em todos os tempos e para todas as raças. Mas tolerância não significa aceitar o que se tolera”, ou seja, você não precisa concordar com tudo o que ele faz, mas necessita amá-lo por tudo que ele é!

No texto de Lucas, sempre fiz a abstração de que, todos os dias, aquele “Pai” ficava no alpendre de sua casa, olhando fixamente para o horizonte, esperando com coração sofrido o dia em que seu filho voltaria para casa. O tempo passou... mas, num certo dia, ele apontou na estrada empoeirada. Chegou mal-cheiroso, mal-amado, mal-resolvido. Chegou todo “quebrado”, cortado pela navalha fria da vida, com lágrimas nos olhos e sangue nos pés. Contudo, que importava tudo isto, se ele havia voltado?

Uma coisa, todavia, para aquele jovem descrito por Jesus, fez toda a diferença: foi quando o “Pai”, com emoção incontida, afirmou: “este meu filho estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado” e, beijando-o e abraçando-o o recebeu de volta. Como bem disse Geoffrey Chaucer: “a misericórdia vai além da justiça”.
Carlos Moreira